Políticas curriculares e resistência à mudança: professores(as) de Química na consulta pública da BNCC
Resumo
O artigo examina a recepção de professores(as) de Química à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), por meio de análises de estatística textual (método de Reinert) das contribuições depositadas na consulta pública on-line à primeira versão da Base, realizada pelo Ministério da Educação (MEC) entre 2015 e 2016. Para fins comparativos, foram analisados, ainda, os referenciais curriculares estaduais mencionados pelos(as) participantes da consulta e 15 coleções de livros didáticos de Química distribuídas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2012, 2015 e 2018, cuja estrutura também embasou as críticas dos(as) professores(as) à Base. Afora o caráter meramente legitimador da consulta pública já apontado em outros trabalhos, os resultados da pesquisa indicam que a recepção negativa à BNCC pelo professorado – por vezes interpretada como uma “resistência à mudança” corporativista, comodista ou tradicionalista – foi fortemente influenciada por diversas políticas curriculares vigentes no País, como o PNLD e os referenciais curriculares das redes estaduais. Convocados(as) a opinar, mas sem vislumbrarem na Base a capacidade de resolver problemas estruturais do sistema educacional, os(as) participantes da consulta invocaram as políticas curriculares que os(as) afetavam de forma mais direta para expressarem pragmaticamente a sua falta de convicção sobre a necessidade da mudança curricular.
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