Práticas de acolhimento na universidade evidenciadas nos discursos de estudantes com transtorno do espectro autista

Palavras-chave: ensino superior; práticas inclusivas; revisão integrativa; transtorno do espectro autista.

Resumo

Este artigo discute como a literatura científica e os discursos de estudantes com transtorno do espectro autista (TEA) têm refletido nas práticas de inclusão no ensino superior. A metodologia utilizada contou com revisão integrativa de estudos publicados nos últimos cinco anos, sendo objeto de análise 14 produções. Em adicional, obtiveram-se os discursos de 14 universitários com TEA, alcançados por meio de aplicação virtual de questionário. As questões abordaram sobre a trajetória de ensino e os aspectos que diminuem as barreiras que transpassam a permanência desses estudantes no ensino superior. Os resultados foram analisados de modo conjunto, num diálogo sobre o que se tem produzido cientificamente com os relatos dos estudantes. Notou-se que os maiores entraves ocorrem nas relações interpessoais, atrelados às barreiras institucionais de acessibilidade, à falta de acolhimento e à fragilidade no processo de ensino-aprendizagem. Conclui-se que, apesar do aumento significativo no número de estudantes com TEA no ensino superior, ainda é preciso a organização de práticas mais inclusivas. Desse modo, ressalta-se a importância da materialização de estudos que divulguem resultados empíricos, colaborando para a acessibilidade e a efetivação da inclusão nos processos educacionais, tão necessária para que as universidades efetivem uma pluralidade de caminhos menos excludentes.

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Biografia do Autor

Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter, doutora em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com pós-doutorado em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), é professora associada do Departamento de Educação Inclusiva e Continuada (Deic), orientadora no Programa de Pós-Graduação em Educação (Proped) na UERJ, líder do Grupo de Pesquisa Linguagem, Comunicação Alternativa e Processos Educacionais para pessoas com deficiência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), bolsista cientista do Nosso Estado da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e Procientista (UERJ).

 

 

Laura Ceretta Moreira, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Laura Ceretta Moreira, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é professora titular do Departamento de Planejamento e Administração Escolar e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), líder do Grupo de Pesquisa Educação Inclusiva/Educação Especial: Políticas, Práticas e Processos de Desenvolvimento Humano do CNPq, e bolsista de produtividade em pesquisa em Educação do CNPq.

Lucia Pereira Leite, Universidade Estadual Paulista (Unesp-Bauru)

Lúcia Pereira Leite, doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp-Marília), com pós-doutorado em Educação Especial (PPGEEs-UFSCar), é professora associada do Departamento de Psicologia e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem (Unesp-Bauru), líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em Deficiência e Inclusão (GEPDI-CNPq), bolsista de produtividade em pesquisa em Educação do CNPq.

Vivian Ferreira Dias, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Vivian Ferreira Dias, doutora em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com pós-doutorado em Educação (PPGE-UFPR), é mestre em Filosofia e Ciências Humanas (Unesp-Marília), especialista em Leitura, Escrita e Aprendizagem pelo Instituto Cefac Saúde e Educação, e fonoaudióloga da Coordenadoria de Acessibilidade Educacional da UFSC.

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Publicado
06-08-2024
Seção
Pontos de vista - O que pensam outros especialistas?