A lúdica negra na Amazônia Bragantina: as brincadeiras dançantes das crianças do quilombo

  • Simei Santos Andrade Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Raquel Amorim dos Santos Universidade Federal do Pará (UFPA)
Palavras-chave: Amazônia Bragantina; brincadeiras dançantes; crianças; lúdica negra; quilombo.

Resumo

No âmbito de uma pesquisa sobre as infâncias amazônicas, foi realizado um estudo no Quilombo do América, situado no município de Bragança, no nordeste do estado do Pará, com o objetivo de analisar as brincadeiras dançantes das crianças. A metodologia adotada foi a abordagem qualitativa, baseada em um estudo de perspectiva etnográfica, do qual participaram 12 crianças, na faixa etária de 6 a 11 anos. O referencial teórico-metodológico centrou-se nos estudos sociais da infância, em diálogo com a sociologia da infância, a história da infância e a antropologia da criança, em um esforço de trazer para essa discussão alguns teóricos da Amazônia que possibilitaram a compreensão das brincadeiras dançantes das crianças do quilombo. Conclui-se que as brincadeiras dançantes fazem parte da dinâmica social cotidiana das crianças do Quilombo do América, as quais, por meio das manifestações culturais, reafirmam suas identidades negras, o que lhes foi negado durante muito tempo. Os saberes dos quilombolas, sobretudo das crianças, orientam as práticas culturais, sociais e educacionais da comunidade.

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Biografia do Autor

Simei Santos Andrade , Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutora em Educação pela PUC Minas e pós-doutora em Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará (PPGARTES/UFPA), é professora doutora da UFPA, atuando nos cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de Dança e Teatro, e coordenadora do Núcleo de Pesquisa Infâncias Amazônicas (Nupeia): Arte, Cultura e Educação de crianças em diferentes contextos.

simeiandrade@uol.com.br

Raquel Amorim dos Santos, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Pará (UFPA), é professora permanente e coordenadora do Programa de Pós- Graduação em Linguagens e Saberes da Amazônia (PPLSA), Linha de Pesquisa: Educação, Linguagens e Culturas na Amazônia. Também coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-Brasileiros (NEAB/UFPA).

rakelamorim@yahoo.com.br

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Publicado
03-05-2021
Seção
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